fazenda santa clara ...Ouro, café e gado de João honorio de Paula motta

Apoio ao documentário Santa Clara...Clareai., lançado a 14 de Abril de 2018 em Santa Clara. Santa Rita de Jacutinga-MG

segunda-feira, 29 de maio de 2023

Tumulo de Manoel Pereira em Rio Preto, cemitério Nosso Senhor dos Passos.

Casa do irmão de José Pereira.( irmão do português, barbaramente assassinado na Cava Grande.

 


 


 

Capítulo VII

A derrubada da Ponte do Boqueirão.

A ponte que passa entre o Boqueirão da Mira, construída por Pereira, é uma obra de arte que está causando no círculo dos engenheiros sérios estudos devido à sua construção[1]. É ali que seu construtor vê o motivo para que sua estrada seja reconhecida.

Muito sólida, dá passagem diariamente às boiadas que descem pelas serras do Bom Jardim, aas tropas e aos cavaleiros.

Se conseguisse jogar a ponte ao fundo do ribeirão Pirapitinga que por ali passa apertadinha vinha não só desmoralizar Pereira, como arruiná-lo. Dessa forma não poderia, esperar como era seu desejo, serem indenizados pelo Governo da Província os seus vultosos gastos na construção de estradas e pontes.

Seria uma estúpida agressão ao infortunado bandeirante da terra ribeirinha.

E, numa noite, em dia e mês do ano de 1856, Belizário Mariano de Morais, o administrador de Santa Clara, acompanhado de Calixto, “Tira-Prosa” e muitos escravos da Fazenda, vão ao Boqueirão trazendo sua gente munida de serrotes, mandando cortar as travessas da ponte, deixando-as de forma que na passagem de qualquer peso, cairia no ribeirão.

No dia seguinte- o milagre- passa uma boiada e nada acontece. Pouco depois o madeirame descia pelas águas agitadas do ribeirão Pirapitinga.

A este respeito o “Correio Mercantil”, da Corte, na sua edição de 16 de maio de 1863, publica o seguinte:

A estrada do Boqueirão e a atrocidade inaudita”          

O “Jornal do Comércio” e “Correio Mercantil”, de 11 do corrente publicaram ambos nesse mesmo dia uma notícia de grande alcance a que deve se prestar a toda atenção. Diz a “Gazetilha”

-Escreve-nos de Minas – A 20 de Abril de noite, homens perversos dirigiram-se à ponte colocada na estrada do Boqueirão, ultimamente feita pelo Sr Manoel Pereira da Silva Júnior, e ali armaram uma terrível cilada aos pobres viandantes, boiadas e tropas; arrancados os corrimões e muitas taboas do assoalho lateral, cortaram à serra as travessas sobre as quais descansam  as linhas do  mesmo assoalho( o lateral), e as deixaram presas pela grossura uma polegada e tanto; o menos peso seria o bastante para levar ao abismo, passageiros e bagagens, mas a Providência Divina, passou logo uma boiada de sessenta rezes sem o menor perigo !

Fez-se o auto do corpo de delito, mas, talvez, nisso ficará!”.

O “Correio Mercantil"  coincidindo em dar a mesma notícia e um pequeno artigo, já deixava entrever melhor o fim a que se dirige a inocente publicação, acrescentando que os  moradores da vizinhança, correndo imediatamente a escorar a ponte, perguntaram entre si,  quem seria esse perverso, essa alma de tigre, esse assassino mesmo, que  cometeu semelhante fato?

E, a essas perguntas o boiadeiro que assinou o artigo respon­deu:

Segundo certo escritor quando se quizer conhecer o autor de um crime, procure — se antes de tudo saber a quem ele pode interes­sar.

Com  efeito,se  essa notícia, não for da meia noite, o atentado merece exemplar  castigo,e as mais mais rigorosas investigações para o descobrimento  de seu autor, muito mais havendo já o corpo de delito ; po­rém se começar apa­recer descontos á notícia, dá se o publico a custar a crer que os ser­radores pudessem de noite, as escuras, regu­lar a polegada de gros­sura que deixaram madeiras ou enfim se o negócio for algumas das costumadas invençoes para serem decantadas pela imprensa como fingi­da oposição à sua estra­da: então, meus senhores, botem, por hora, de quarentena a sua notícia porque o cansado roman­ce e fingimento de perseguições ou oposições já está tão gasto e tão calvo, que nem mesmo a tal polegada de gros­sura que a serra dei­xou as taboas, poderá tapar - lhe a calva; nes­se caso,aplicando a doutrina do  escritor do nosso boiadeiro, cada um de nós interrogará a si próprio:- Quem  será o miserável que tem o interesse em inventar tão ridículos embuste “.

"O Imparcial".

 

Manoel Pereira Júnior da Silva dirige ao Presidente da Província, o seguinte requerimento:

 

«Ilustríssimo e Excelentíssimo Senhor Presidente da Província de Minas   Gerais.

Manoel Pereira d a  Silva Júnior empresário expontâneo da estrada de Bom Jardim decre­tada por lei Provincial nº. 839, de 14 de Julho de 1857, vem res­peitosamente requerer a V. Ex. que se digne no dar execução á Lei nº 1.167 de 8 de outubro de 1862, relativa á mes­ma estrada, visto como aproxima a reunião da Assembleia a que deve ser submetido o resul­tado do que dispõe a mesma lei afim de re­solver como julgar de interesse publico. E por­que os interesses do Suplicante se ligam a tal julgamento por isso,

P. a V. Ex. se dig­ne deferir com Justiça.

E. R. M. (a.) Manoel Pereira da Silva Júnior.Estava   colado   um selo   de $100 reis.

Teve esta   petição   o despacho seguinte :-

«Logo que hajam En­genheiros   disponíveis será atendido o, pedido do Suplicante. —Palácio do Governo da  Província de Minas Gerais, 30 de abril de 1863. Fernandes Torres.

Recebeu ainda Perei­ra a seguinte comuni­cação : «Palácio da Presidência da Província de Mi­nas Gerais,  1 de  abril de 1864 — 5ª. Secção. Declaro a Vmcê. em respostas aos  seus ofícios de 17 e 19 do mes  findo, que   n'esta   data oficiei   ao    Engenheiro Modesto  de Faria  Bello[2] para proceder ao necessário exame e   orçamento ,contrato  de conservação da estrada denominada de Bom Jardim,com quem melhores condições oferecer, contanto que que tal contrato vigore depois de aprovado  por esta Província a quem deve ser submetido.

Deus guarde a Vmcê.

(a)               Joaquim Fernandes Torres.



[1]A planta desta ponte foi oferecida ao Governo de Raul Soares, pelo atual prefeito farmacêutico Dermeval Moura de Almeida. Está arquivada na Secretaria de Agricultura.

O artigo publicado no “Correio Mercantil” de 16 de maio de 1863 faz referências à data da derrubada da Ponte do Boqueirão que é de 20 de Abril. (1863).

[2]O engenheiro Modesto Faria Bello, obteve do Governo Provincial, em 04 de Dezembro de 1840, concessão por 40 anos, para explorar estabelecimento balneo- terápico nas águas medicinais, no Município de Patrocínio.

 

Capítulo VI

Algozes.

 

Aparecem nesta zona, alarmando a Vila do Rio Preto, as freguesias de Santa Rita de Jacutinga, Santa Isabel do Rio Preto e São Joaquim da Barra Mansa, cujas populações são pacatas e ordeiras dois indivíduos que se intitulam valentões.

O primeiro deles, o mais perigoso, chamava-se Quintino de Lima Sampaio, nasceu em 1827, na localidade fluminense de Angra dos Reis, e diz-se natural de Campinas, na Província de São Paulo . Cchegou aqui como feitor da fazenda de Pirapitinga, por recomendação do dr. Gabriel, e agora este o tem sempre a seu lado.

Seus antecedentes são péssimos.

Achando-se preso por crime de resistência  no Quartel do 1º Regimento da Cavalaria Ligeira da Corte, onde era ferrador, evadiu-se a 09 de Abril de 1859.

A fim de lograr a polícia, assina Manoel Joaquim da Silva.

Devido à sua arrogância de valentão, é conhecido nesses meios por “Tira-Prosa”.

É uma dessas almas criadas para o crime

Homem de maneiras rudes, grosseiros e descabidas, desagrada a toda gente, tratando os demais com aspereza.

Foi contratado, antes de aparecerem nas fazendas do vale do rio Preto, pelo tenente Vicente Lopes, fazendeiro na Freguesia de Santa Isabel do Rio Preto, para vingar de inimigos de sua pessoa.

Está no número de seus inimigos, o seu próprio irmão Antônio Lopes e João Baptista dos Santos, o sapateiro da freguesia, que quase foi morto no terreiro da fazenda de Vicente Lopes, por “Tira-Prosa” e quarenta escravos, fato este que é ainda muito comentado em Santa Isabel.

Fernando Ferraz e seu irmão Antônio Ferraz moravam na fazenda “Dois Irmãos” (fazenda de São Mathias), uma légua mais ou menos de distância da fazenda Pirapitinga.

         Fernando Ferraz e Antônio Ferraz, dois portugueses que deixaram as suas vinhas na quinta província do Minho, vieram tentar fortuna no Brasil, fundando num dos ângulos do vale do rio Preto, a família Ferraz, hoje portadora de tantos títulos, pelos homens que descenderam desses troncos.

“...Antônio Ferraz veio para o Brasil ainda criança, filho de Vitorino Antônio Ferraz de Araujo e Mathildes Inácia Francisca do Espírito Santo de Araújo. Naturais da vila de Valença do Minho, em Portugal. Fernando, irmão de Antônio, acompanhou-o ao Brasil, com o mesmo intuito: o de ganhar a vida em plagas brasileiras, tão irmãs daquelas que se estendem além do Atlântico...”

Esses dois irmãos, depois de longos anos de trabalho honesto e produtivo conseguiram um mealheiro e adquiriu a fazenda denominada São Mathias, sendo, então, conhecida por fazenda “Dois Irmãos”. Como dito anteriormente, sita a uma légua mais ou menos, de distância da fazenda Pirapitinga.

Inimizaram-se, devido às artimanhas de “Tira-Prosa”, que usufruía proveitos pecuniários de ambos. Um dia, chegou e matou todos os cachorros, quase todos de estimação de Fernando, dizendo que foi a mando de Antônio.

Em consequência desse fato que veio a separar os dois irmãos, por uma inimizade criada por Quintino, Antônio Ferraz separou a velha sociedade que tinha com seu irmão. Antônio Ferraz era casado com uma filha de Dona Eleuthéria Claudina Fortes, a filha do segundo guarda-mor do Registro de Rio Preto, Francisco Dionísio Fortes de Bustamante.

            Inimizaram-se por ter “Tira-Prosa” matado os cachorros de Fernando Ferraz, tendo como consequência a transferência de Antônio para a fazenda de Pirapitinga.

 

Vestígios da fazenda São Matheus. Hoje, fazenda Santa Rita. FHOAA 2010.

Já em Santa Rita de Jacutinga “Tira-Prosa” é um homem que só em referir seu nome provoca pânico, pois esperou, na estrada do Passa Vinte, em um morro perto da casa de José Theodoro, seu desafeto José Vilela de Souza Meirelles que não caiu morto sob as punhaladas de seu terrível adversário, por ter galopado o animal.

Matou um homem em São João Marcos, na província do Rio de Janeiro, a mando de outros, cujo crime ficou impune.

Outro indivíduo que com “Tira-Prosa”, faz a dupla macabra é Calixto Marques da Silva, natural da vila de Tamanduá (Itapecerica), desta Província.

Reside na Freguesia de Conservatória, há oito para nove anos. O seu serviço é no trabalho de machado e serras. Doma, também, burros bravios.

Portador de um sangue frio que põe os criminosos na classificação dos desnaturados que pedem o socorro duma intervenção psicopata.

 Apenso nº 03 da província- Regimento de Cavalaria Ligeira- Nº01- Nota dos anais do ferrador abaixo declarado, que se evadiu deste Quartel, a 09 de abril de 1859, achando-se preso para sentenciar. Nº 53= Ferrador=Quintino de Lima Sampaio, filho de Manoel Caetano de Lima, natural de Angra dos Reis, nasceu em 1827= altura 62 e 1 /2polegadas, cabelos pretos, olhos pardos, ofício =ferrador, estando solteiro. Quartel em 03 de Maio de 1862. Francisco Joaquim Pinto Pereira = Major Graduado Comandante interino. Conforme o Secretário de Polícia- Leopoldo Henriques Coutinho.

 

           Tanto “Tira- Prosa” como Calixto vivem nas fazendas dos Fortes, sem emprego. Acompanha-os em suas viagens à Corte e à São João Del Rei.                                                        

 

 

 

O vigário da Freguesia de Santa Isabel do Rio Preto é ardoroso Pereirista. Até no púlpito pede pela felicidade de Pereira. Pela sua fala fluente, põe seus paroquianos a par de todos os acontecimentos que envolvem a causa de Pereira. É ele, o padre Custódio Gomes Carneiro.

E, por isso, os fazendeiros João Batista Rathman, Vicente Lopes, seus filhos e sobrinhos, Manoel Martins de Almeida e José de Castro Lima, fazem uma caixa de oito contos de réis para sustentar capangas a fim de retirá-lo da Freguesia, e, com ele outras pessoas que não eram do agrado dos Fortes, que, até ali, estendem-se seus domínios.

Entre os capangas estavam Manoel Joaquim ou Quintino Sampaio, vulgo “Tira-Prosa” e Calixto.

 

 

Já em Barbacena é público e notório que os Fortes querem matar Pereira.

Os que acompanham sua ação pertinaz e martirizante exclamam:

_É o único recurso dos Fortes vencerem Pereira, pois por meio de Leis do Império, nada conseguirão.

 

                                          Capítulo VII

O Vale do rio Preto.

 

O Vale do rio Preto.

Antes que entremos na configuração do admirável vale do rio Preto, onde é o teatro romance que estamos delineando, é bom que conheçamos o rio Preto e seu caudal.

Nasce na Serra da Mantiqueira - sistema Itatiaia –Separa as Províncias de Minas e Rio der Janeiro,

                             

Separa os Estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro desde a sua nascente, até a sua foz.

Deságua depois de um percurso de cento e noventa e oito quilômetros, na margem direita do rio Paraibuna, que, logo em seguida, depois de um pequeno rolar, lança-se no Paraíba do Sul.

Banha o Município de Rio Preto, desde a foz do ribeiro Passa Vinte, confinante dos municípios de Aiuruoca e Rio Preto, até o rio Monta Cavalo, que divide os municípios de Rio Preto e Santo Antônio do Paraibuna (Juiz de Fora).

Banha o município que tem o seu nome numa extensão de oitenta e um quilômetros[1].

Em seu curso, banha os municípios fluminenses de Resende, Barra Mansa, Valença- onde dá o nome aos distritos de Santa Isabel.

Em território da província de minas banha os municípios de Aiuruoca, Rio Preto, a que dá o nome, e Santo Antônio do Paraibuna.

A sua Bacia, só em território mineiro, é de 1.074 km²[2].

Ao sair da bacia, onde nasce o rio, forma três cascatas[3]:- a primeira mede cerca de três metros, a segunda, 20 metros; e, a terceira perto de 30 metros.

A bacia onde nasce[4] o rio Preto tem um aspecto de meio elipsóide, com seu eixo.

Rio Preto

Comprimento

222 km

Nascente

Pico das Agulhas Negras

Foz

Rio Paraíba*****José Marinho de Araujo.

Área da bacia

3 326 km2

 

Tem, nos limites do município de Rio Preto, algumas pontes:- uma, no posto Zacarias, lugar histórico, construída por ocasião em que o Duque de Caxias aniquilou a revolução de 1842 [5].

Pontes sobre o rio Preto: (Zacarias )

1-Ponte dos Pintos.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

                      Arquivo de José Marinho de Araújo editadas por FHOAA

 

Uma, na fazenda Pirapitinga, pouco abaixo à foz do rio deste nome, construída por Pereira, de que já tratamos, e outra na fazenda Santa Clara.

      Vestígios da Ponte construída por Manoel da Pereira, sobre o rio Preto, a Pirapetinga.

    

 

 

                                                                                 

       

 

 

 

Na ponte da fazenda de Santa Clara tinha escrito bem legível, inscrito em caiação, o seguinte:

       Junho-24-1844.

Outra, na Vila de Rio Preto, construída por ordem do então governador de Minas, d. Pedro Maria Xavier de Athayde e Mello, continuando a obra sonhada pelo governador e capitão geral, d. Rodrigo José de Menezes, que mandou abrir este sertão à mineração e permitiu seu povoamento criando o Registro de Rio Preto, sendo o 2º guarda mor, o capitão Francisco Dionísio Fortes, fundador da Vila de Rio Preto. Fonte: Arquivo Público Mineiro folhas 06 de 25/10/1861 . FHOAA 2009.

 

 

Pelo vale do rio Preto, nas confrontações Aiuruoca, Rio Preto e Valença, espalham-se as ricas fazendas dos Fortes, adquiridas por herança de seu maior que foi Francisco Dionísio Fortes.

A maior e mais importante é a fazenda de Santa Clara, de propriedade do Comendador Francisco Thereziano Fortes.

Comendador Thereziano possui grande fortuna.

É casado com d. Maria Thereza de Souza Fortes, baronesa de Monte Verde. Não tem filhos[6]


 

 

 

 

 

 

 

 

Os seus domínios  estendem-se pelas margens do rio Preto,desde a Vila até além da foz ribeirão Pirapitinga, galgando  as montanhas ramificantes da Mantiqueira.

A sede da fazenda, é,  nestas centenas de léguas, o edifício mais importante. A sua construção sólida e demorada, foi feita pelos seus escravos que elevam a mais de três mil.

A maior culturada fazenda é a do café. Para a condução da rubiácea produzida em suas terras, ao mercado consumidor,FranciscoThereziano Fortes( o barão de Monte Verde(*), tem tropas a propósito, possuindo, para esse mister,pedaços de terras- sítios- ao longo do caminho da Corte, para nesses pontos de descanso, ser tratada a tropa e se refazer das fadigas da viagem.Muitas das vezes,  por essas espécies de estações, são substituídos os animais da tropa.

É Francisco Dioníso Fortes um grande benfeitor da vila de Rio Preto,ou em verdade ,o seu construtor.

Não há construção de valor que não tenha o seu nome ligado.

 

Foi o garimpeiro do vale, desde o município de Paraibuna, subindo o cursode vários afluentes do rio Preto, até às margens do rio Grande, na zona do campo.

Arrancou  muito ouro no seio virgem da  terra.

 

Tinha, para isso, grande número de escravos, que com suas bateias  e almocrafes, tiraram fortunas dentre os cascalhos dos diversos cursos d’ água deste município e imediações.

 

Dentro dos domínios de Santa Clara, afastada do rio Preto,cerca de quatro quilômetros, fica a fazenda de São Bento, pedaço de terra doado por Francisco Thereziano Fortes ao capitão Tomé Dias dos Santos Brandão, que muito o auxiliou em suas aspirações.

É uma São Marino encravada na Itália de Leonardi; assim nos parece São Bento dentro de Santa Clara.


Doutro  lado, à margem direita do rio Preto, pouco acima da fazenda Santa Clara, estendendo-se pelo território da freguesia de Santa Isabel do Rio Preto,município de Valença, sita a fazenda de São Mathias, de Fernando Ferraz[7],(irmão de Antônio Ignácio Ferraz), nasceu em 23/06/1829, casado com Marcolina Cândida Fortes.Era filho legítimo de Victorino  Antônio Ferraz d’ Araujo e Mathildes Ignacia Francisca do Espírito Santo, com 36 anos, casado, fazendeiro, natural da Villa de Valença de Minho, Portugal.

Abaixo da fazenda de São Mathias,ergue-se a sede da fazenda de Pirapitinga, vendida por Manoel Pereira a Antônio Ignácio Ferraz(no Estado de Minas.

Antônio Ignacio Ferraz é de origem portuguesa casado com Carolina Xavier Fortes uma das filhas de Dona Eleutheria Claudina Fortes,irmã do Barão de Monte Verde.

 

 

 

 

Comprou a fazenda de Pereira, por intermédiodo patrício de ambos, Joaquim da Fonseca Moura, negociante na Barra Mansa.[8]

Para essa compra, Ferraz arranjou dinheiro  com o Comendador Thereziano, dando-lhe em garantia hipotecaria a mesma fazenda.

Abaixo da Pirapitinga, fronteiriça à fazenda de Santa Clara, sita a fazenda de Santa Tereza[9]de dona Eleutheria Claudina de Souza Fortes irmã de Thereziano, como foi afirmado.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

            Menos de uma légua abaixo, ergue-se a casa da Fazenda de São Fernando[10], do Comendador Carlos Teodoro de Souza Fortes, Barão de Santa Clara[11], casado com Isabel Henriqueta Fortes, irmã do ( Barão de Monte Verde ).[12]

            Carlos Teodoro de Souza Fortes possuía o título de Comendador da Ordem da Rosa. A Ordem Imperial da Rosa foi criada no Brasil por D. Pedro I a 17 de outubro de 1826, para perpetuar a memória de seu faustíssimo consórcio com a princesa dona Amália de Leochtenberg. Esta ordem compunha-se de seis categorias: Gran Cruz, Grande Dignitário, Dignatário, Comendador, Oficial e Cavaleiro.

Fonte: disponível na Internet.

Editada por FHOAA. 2008

 

 

 

 

 

 

Editada por FHOAA 2009/ julho[13]

Foto de FHOAA em Julho de 2009- Portão de São Fernando. Parece não ser a entrada original da fazenda, analisando a posição da escada.    

 

 

Fora do vale do rio Preto, entre as fazendas de São Fernando e a Freguesia de Conservatória, sita a fazenda de São Paulo[14]de propriedade do Desembargador Antônio Joaquim Fortes de Bustamante, irmão do (Barão de Monte Verde).

 

 

 


           

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: material disponível na Internet.


Antônio Joaquim Fortes de Bustamante é bacharel, formado em leis pela Universidade de Coimbra, Comendador da Ordem de Cristo e Fidalgo Cavalheiro da Casa Imperial. Foi Ouvidor e Provedor Geral da Comarca de São João Del Rei, desta Província. Foi desembargador do Tribunal de Relação da Corte.[15]

            As fazendas de São Mathias, Pirapitinga, Santa Tereza, São Fernando e São Paulo, ficam no território da província do Rio de Janeiro.

Fazenda São Luiz. Fotos de FHOAA em 2009.

 

A fazenda de São Luiz[16] fica abaixo da fazenda de São Fernando. É propriedade da Marquesa de Valença.

Todas essas propriedades são importantíssimas.

 



Servem do rio Preto para o seu intercâmbio, por meio de navegação em barcos.

Numerosos barcos cortam as águas mansas do rio Preto que é navegável desde a cachoeira abaixo da barra do Pirapitinga até légua e pouco abaixo da vila.

O movimento de canoas no rio Preto é intensíssimo.

Diariamente descem o rio numerosos barcos, quase que se soçobrando, com pilhas de sacas de cereais produzidos nas terras férteis, desta zona, que não só dão o ouro em seus rios, como a prodigalidade de suas sementeiras fazendo encher as arcas dos seus felizes possuidores.

A bordo dessas embarcações, escravos empregados nesse serviço, quebram com seus cantares a monotonia do vale.

E, que cantares! São o grito de saudade de rincões distantes, donde foram roubados para serem mercadejados como simples objeto. Mas, têm alma.

Os seus cantares regionais, que são pedaços do coração transformados em notas, ecoam pelo vale.



[1] Medida quando escrito o livro.

[2] Anuário Estatístico do Estado do Estado de Minas Gerais 1929.

[3] Dicionário Geográfico. Dr. Moreira Pinto.

[4] Dicionário Geográfico. Dr. Moreira Pinto.

 

 

[5] Consultar Movimento Político em Minas Gerais em 1842, por Dr. Moreira de Azevedo.

 

[6] Em Óbitos de Rio Preto, 1836 Folhas 07 Cemitério de Santa Clara.

Data: 08/01/1836. Nome: gêmeos Antônio e Francisco. Filhos de: capitão Francisco Thereziano Fortes.

Livro: 1833-1848. Pesquisa de Fátima Helena Oliveira de Araújo e Araújo Junho 2009.

Arquidiocese de Juiz de Fora

[7] Hoje (1938) fazenda do mesmo nome de propriedade da senhora d. Maria de Lourdes Leite de Andrade. Em 2009, seu nome é Santa Rita de Cássia, e, tem outro proprietário.

 

[8] Chacrinha, distrito da cidade defronte a estação de São Luiz.

[9] Ainda temo mesmo nome. É de propriedade da família do capitão José dos Reis Duque.

[10] Hoje, época em que foi escrito o livro, uma firma comercial.

[11] O Barão de Santa Clara foi um dos construtores da Matriz do Rio Preto. O Comendador Thereziano, assistindo a uma missa na Capela de Nosso Senhor dos Passos, no cemitério do mesmo nome, em dia chuvoso, notou que havia uma goteira sobre o nicho do padroeiro da Vila. Chegando à Fazenda fez seu testamento legando trinta mil arrobas de café para a construção da Matriz atual, obra que foi feita pelo Barão de Santa Clara, em cumprimento ao do dispositivo testamentário. Sendo o mais rico da época, possuindo dois mil e oitocentos escravos, com o produto ainda do café deixado por seu cunhado e primo Thereziano, o Barão iniciou os trabalhos de construção da Matriz, mas, foram necessários outros socorros financeiros, de que dispôs o Barão. As obras ficaram, naquele tempo, em 480$000:000. É uma obra sólida, em verdade, pois as suas paredes tema espessura de um metro e vinte centímetros Ali repousam os restos mortais de seu construtor. Reza a crônica que, com esta obra despendeu d. Maria Thereza de Souza Fortes, a quantia de duzentos contos de réis, também. Ao lado esquerdo do altar mor da Matriz, acha-se, também, uma lousa com esses dizeres “Aqui jaz D. Maria Tereza de Souza Fortes, Viscondessa de Monte Verde- Fundadora desta Matriz- Falecida a 6 de maio de 1868”.

[12] No processo movido pelo Barão contra José Bento de Sousa Fortes e outros, consta às folhas 32, um auto de perguntas feitas em 12 de novembro de 1859, ao queixoso, que diz ter a idade de 54 anos, casado, filho de São João Del Rei, brasileiro.

[13] São Fernando parece ter sido uma Sesmaria com 225 alqueires, mais ou menos, possuindo meia légua, em 1804. Essa mesma medida foi julgada em 1825.

[14] Ainda com o mesmo nome, 1938, 2009.

[15] O Dr. Bustamante, quando Ouvidor Geral da Comarca de São João Del Rei, assinou as leis criando as paróquias de Rio Preto, Santa Bárbara do Monte Verde e Santa Rita de Jacutinga.

[16] Hoje, 1938, do Sr. Dirceu Vilela.2020,possui outro proprietário.