fazenda santa clara ...Ouro, café e gado de João honorio de Paula motta

Apoio ao documentário Santa Clara...Clareai., lançado a 14 de Abril de 2018 em Santa Clara. Santa Rita de Jacutinga-MG

domingo, 28 de maio de 2023

 

1-Processo crime original em que foram autora Dona Ignácia Maria da Silva Pereira e réus. Dr. Gabriel Ploisquellec Fortes Bustamante e outros.


2-Dicionário Geográfico- Dr. Moreira Pinto. Imprensa Oficial Rio de Janeiro 1889.


3-"Eu Sei Tudo" - 15º ano- nº10 "Os Índios Boroenos e Coroados".


4-"Anuário Estatísticos do Estado de Minas Gerais"1929.


5-“O malho” de 8-3-1934-nºXXII, Artigo Tipo e Curiosidades do Rio, no tempo do Império.


6-"Correio Mercantil” Diversos números
.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


 

Fattinechi 1875 ( disponível na Internet).

 

Preâmbulo

 

 

 

 

            Os acontecimentos que vão desenrolar-se na leitura deste trabalho, a ficção de romance, constituem, sobremodo, uma história pungente, onde surgem vultos portadores de títulos fidalgais que prevalecem das posições para humilhar aqueles que porventura procuram contrariá-los. É uma história escoimada de ficção, cor com que os autores tingem as suas  obras mudando-as de aspecto. Ela é a expressão forte da verdade, bebida em documentos de valor.

            A prepotência de uma família poderosa que domina rincões da terra brasileira é afinal destruída pela morte de um homem que sem força, a princípio, consegue cercar-se de uns cem números de elementos de escol para, depois de morto, conseguir o brilho de esplendores sonhados.

            Esses acontecimentos desenvolvem-se numa ocasião em que dois partidos- Conservador e Liberal- em renhida luta, dividem a alma do povo da Vila de Rio Preto, ainda nos albores de sua vida autônoma, pois não fazem ainda três anos que a Vila foi restabelecida, com a ascensão dos Conservadores.       Esses que são agora senhores da situação, com um prestígio forte diante dos Governos da província e do Império, desfrutam todas as posições de mando, enquanto noutras esferas, os Liberais digladiam suas armas disseminadas e enraizadas pelo Império, a fim de reconquistarem as posições perdidas há bem pouco.

            Ao sabor das injunções políticas, Rio Preto tem atravessado fases diversas de sua vida administrativa. Os Conservadores conseguiriam a elevação da localidade à Paróquia pela Resolução de 14 de Julho de 1832; a Vila pela Lei Provincial número 271, de 15 de Abril de 1844.

            Com sua derrota, foi a Vila suprimida pela Lei número 665, de 27 de Abril[1] de 1854.

Novamente restaurada pela Lei número 835, de 11 de Julho de 1857, com a reconquista das posições perdidas pelos Conservadores.

-Os Conservadores conseguiriam a elevação da localidade à Paróquia pela Resolução de 14 de Julho de 1832;

- à Vila, pela Lei Provincial número 271, de 15 de Abril de 1844.

- Com sua derrota, foi a Vila suprimida pela Lei número 665, de 27 de Abril[2] de 1854. Novamente restaurada pela Lei número 835, de 11 de Julho de 1857, com a reconquista das posições perdidas pelos Conservadores.

                Esses conhecendo que sua queda eminente avizinhava-se procuravam suprimir a Vila. Os Liberais, sem forças, pois tinham um raio de ação muito restrito, não conseguiram a sua instalação, constituindo-se assim, uma primazia dos Conservadores, que, com sua ascensão, aos altos postos do Governo Imperial, procuravam a instalação da Vila.

            Assim, na móvel Vila de Rio Preto, que conta com poucos anos de vida autônoma, em diversas fases, ecoam, agora, com mais vigor, as trompas liberais e conservadoras, empolgando a massa, dividindo-a, atirando-a em embates, constituindo assim, uma centelha do prélio admirável que entusiasma as esferas políticas do Império.

            Os Conservadores que, nessa ocasião, desfrutavam as prerrogativas de um Ministério, são aqui representados pelos Fortes. E, os Liberais por Manoel da Silva Pereira Júnior[3], português de origem que, como muitos de seus patrícios, rompe com os Fortes, família numerosa, composta com portadores de títulos fidalgais, para fundarem em Rio Preto, dentro de outros moldes, o partido Liberal.

            E, o partido de Pereira surge vigoroso, ameaçando destruir o prestígio formidável dos Fortes.

 

 

Local do assassinato de Manoel da Silva Pereira Junior[4], a Cava Grande, na divisa das terras de Eleutheria Claudina Fortes e Santa Clara. Santa Rita de - MG

 

 

                                                                        Capítulo I

A estrada Presidente Pedreira- Bom Jardim.

        Ao alvorecer do século passado, não havia caminho do vale do rio Preto que alcançasse a Zona do Campo.

            Para se atingir as terras além Mantiqueira havia um só caminho: as antigas picadas feitas pelo índio Coroados que iam apanhar pinhão, naquela Zona. Da Corte para a Província de Minas há diversos caminhos, mas, o desejado, que encurtaria distâncias, deveria ser construído nesta Zona.[5]

            A vila de São João Del Rei é o arauto da Província de Minas.

            Dois caminhos ligam, com rotas diferentes, a Província à Corte. Um, o descoberto por Fernão Dias Paes Leme, o Governador das Esmeraldas, que a história pátria contorna-o com mágicos lauréis; o caminho que sobe a Mantiqueira, procurando Passa Quatro.

            Outro, o descoberto pelos Otonis, o Caminho da Vila do Príncipe que desce o rio Paraíba do Sul até a foz do rio Paraibuna que é vadeado em seu caudal em grande distância.

            O Governo da Província do Rio de Janeiro já estudara o caso e punha-o em execução, construindo para isso a Estrada Presidente Pedreira que alcançava a Freguesia de Conservatória, na mesma Província, vizinha Comarca da Vila de Valença.

            No campo ia-se de Bom Jardim, por estrada de rodagem, a São João Del Rei, passando por Lavras do Funil.

            Terreno acidentado parece impossível à sonhada empresa de ligar a estrada de Presidente Pedreira, que termina em Conservatória, à Freguesia de Bom Jardim, separadas pelo mássico formidável da Serra da Mantiqueira, uma barreira que o homem julga intransponível, embora tendo aí as picadas dos índios, feitas em mato fechado, a enfrentar feras, a galgar montanhas, sofrendo uma sorte de sobressaltos.


            Para transitar em tais picadas há de fazer-se por etapas, com coragem inaudita, esforço sobre humano sujeito a perecerem num abismo.

 

A decisão  Imperial n° 54, de 23 de Fevereiro de 1824, já dava instruções  para a cobrança do pedágio na estrada aberta do porto do Agoassú até a ponte do Presídio do Rio Preto.

            Outra decisão imperial, a de 17 de dezembro de 1824, que recebeu n° 268 mandava abrir uma estrada desde o presídio de Rio Preto até entrar na Comarca de São João Del Rei.

            Visão mais longa teve o Governo imperial, em seu decreto de 25 de junho de1831 que ordenava a ramificação e a construção das estradas de Mar de Espanha,

 

Estrela, Comércio, Polícia, Rezende e Picu. Toda a renda seria coletada no Registro do Paraíba.

            Imitando esse gesto do Governo Imperial, a Assembleia provincial mineira, apresentou à sanção um projeto que foi feito lei, pela Resolução n° 407, de 12 de outubro de 1848, que autorizava ao governo da Província, a mandar continuar, sem demora, o alinhamento e construção da estrada geral do Presídio de Rio Preto, desde o lugar denominado Pisarão até a Vila de Formiga, assando pela Vila de Oliveira.

            Animado pela mesma ideia, o governo da Província do Rio de Janeiro procurou estudar esse problema e resolveu colocá-lo em execução, também, construindo para isso, a estrada Presidente Pedreira, que logo alcançou a freguesia de Conservatória, na mesma Província.



Capítulo II


 

 

[2] O Partido Conservador foi fundado pelo mineiro Bernardo de Vasconcellos, Ministro do Império, na Regência de Feijó.

[3] Manoel da Silva Pereira Junior. (nome que aparece em documentos “Relatório Conselheiro João Crispiniano Soares” em 16 de Julho de 1862). PÁGINA 08,

[4] Encontrado em documentos oficiais “Manoel da Silva Pereira Júnior”. FHOAA 2009.

[5] Os índios Coroados eram os indígenas do sertão entre os rios Preto e Paraíba do Sul. Eram assim chamados, pelo modo que cortavam os cabelos, tinham por costume cortá-los no alto da cabeça, ficando com eles, longos e escorridos, espargidos pelo ombro. Foram pouco a pouco desaparecendo, dizimados, por último, pela epidemia de varíola que grassou no vale do rio Preto.

A aldeia dos Coroados assentava-se numa das colinas que hoje se assenta a cidade de Valença

Nenhum comentário:

Postar um comentário